2005-05-31

RECURSOS HUMANOS NA SAÚDE. No âmbito da celebração do 3º aniversário da Associação de Mestres de Gestão de Recursos Humanos da Universidade do Minho, irá realizar-se, no dia 3 de Junho na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, às 16:30, um Workshop subordinado ao tema "Gestão de Recursos Humanos em unidades de saúde: A visão de três gestores". Inscrições aqui.

ACELERADOS. Definitivamente a RTP, uma estação em velocidade lenta, opta por comentadores acelerados. Tínhamos Marcelo Acelerado Rebelo de Sousa ao Domingo. Agora temos António Acelerado Vitorino à segunda-feira. São os dois como o Lucky Luke: mais rápidos do que a sombra dos seus próprios comentários.

A MINHA REFORMA E A REFORMA DOS OUTROS. Como é que um ministro com 114 mil euros de reforma por ano (valor a que acresce o seu vencimento de professor catedrático) consegue rever a política de reformas de um país? Que moral ou exemplo poderá dar um ministro que aumenta a idade da reforma dos 60 para os 65 anos se também ele, um funcionário público com menos de 60 anos, já usufruiu duma reforma, ainda por cima tão generosa? Por muito acertada que seja a medida, há aqui manifestamente algo que não bate certo.

2005-05-30

LOUCURA. Freitas perdeu as presidenciais mas ficou Presidente da Assembleia Geral da ONU. Durão tinha um estilo de governação "vai que não vai"; ficou Presidente da CE. Guterres foi um dos piores PMs de que há memória; fica alto-comissário. Oh Sócrates, o que irá acontecer contigo?! A julgar pelas últimas semanas estás no bom caminho...

2005-05-27

Editorial
GESTORES DO FUTURO

Quando recentemente o primeiro-ministro desmentiu o ministro das finanças sobre o provável aumento dos impostos foi indelicado e deu um mau sinal para a economia e para o próprio Governo. Mas mais grave do que um primeiro-ministro desmentir um ministro é desmentir-se a si próprio. Foi o que Sócrates fez. Poucos dias depois de ter dito que não haveria aumento de impostos, o Governo que lidera decidiu aumentar em mais de 10 por cento a taxa máxima do IVA, uma série de outros impostos sobre o consumo, e nem o IRS escapou.

Só por isso, estas reviravoltas do primeiro-ministro são graves. Mais graves o são se atendermos a que este enredo em que se começa precisamente por fazer o contrário do prometido é já nosso conhecido de um outro filme em que Durão foi o artista principal. No caso de Durão Barroso poderá argumentar-se que foi uma cena original, poucos meses depois refeita com a redução do IRC. No caso de José Sócrates, estas deambulações revelam, no mínimo, uma elevada falta de prudência.

O historial dos cálculos do défice e a opção pelo cálculo de um défice previsional levam-nos a ter pouca confiança nos números agora apresentados. Em todo o caso, a acreditar no resultado do novo cálculo (até quando este valor?), as medidas anunciadas esta semana deverão permitir a redução do défice de 6,83 para 6,2 por cento do PIB no final de 2005. Se aplicarmos o mesmo rigor centecimal que subitamente atacou a classe dirigente, significa isto que as medidas agora decididas se traduzem por uma redução da taxa nuns escassos 9,22 por cento.

Pergunta-se: porquê um alarido tão grande e medidas tão "duras" provocam um efeito tão pequeno? Uma vez mais a resposta é simples: o Governo não foi suficientemente longe nas medidas de curto prazo sobre a despesa. Ou seja, no curto prazo preferiu ir pelo lado mais fácil e imediato da receita fiscal, enquanto as principais medidas do lado da despesa, geralmente mais impopulares, são diferidas. Enfim, uns autênticos "gestores do futuro".

O que caracteriza este modelo de finanças públicas conduzido por "gestores do futuro"? Basicamente caracteriza-se pelo diferimento das más notícias, de preferência para as gerações futuras, minimizando os efeitos nocivos de políticas públicas mais restritivas no curto-prazo. Talvez a melhor manifestação deste modelo foi a decisão de Guterres em construir auto-estradas "sem custos para o utilizador". As célebres SCUTS têm dado imensas receitas eleitorais, mas só agora começam a dar as primeiras despesas orçamentais. Ao que parece, a factura neste ano será ainda modesta, mais vai crescer exponencialmente nos próximos anos.

Pois bem, à semelhança do seu camarada, Sócrates também parece determinado a gerir recursos que o país não tem. Começa, aliás, a ensaiar-se uma outra manifestação, mais grave ainda, desta "gestão do futuro". Há já relatos de contratos de concessão de auto-estrados em regime SCUT que estão em renegociação do seguinte modo: o Estado é incapaz de cumprir os seus compromissos presentes de reembolsar as concessionárias das auto-estradas e, então, o problema resolve-se aumentando a duração da concessão! Uma autêntica pescadinha de rabo na boca!!

Este é só um exemplo de desgovernação porque, na verdade, há um conjunto bem mais alargado de decisões que implicariam de imediato um aumento da receita não fiscal ou redução da despesa. São decisões que implicariam, por exemplo, acelerar as privatizações colocando na iniciativa privada e/ou social uma série de funções que o Estado não deve exercer, actuar sobre as taxas reduzidas do IVA, reduzir drasticamente os subsídios que adormecem a economia, reestruturar e encerrar largas dezenas de serviços públicos, ou dar por terminada a ilusão de alguns projectos megalómanos de necessidade duvidosa. Infelizmente, resguardado em princípios difíceis de compreender, o Governo revela manifesta falta de coragem para tomar essas decições.

2005-05-25

RIO. José Figuiredo alerta para uma entrevista. Curta mas incisiva.

GALP SEM DÉFICE. No mesmo dia em que soubemos de alguns sacrifícios que nos vão ser pedidos, ficou a saber-se quem são os outros "sacrificados": "O ex-presidente da Câmara Municipal do Porto Fernando Gomes foi ontem nomeado administrador da Galp. A assembleia geral da petrolífera confirmou o nome de Murteira Nabo como presidente da companhia e reconduziu outros três ilustres socilistas: Pina Moura (em representação dos espanhóis da Iberdrola), José Penedos (presidente da REN) e Eduardo Oliveira Fernandes (ex-secretário de Estado Adjunto do ministro da Economia, Braga da Cruz)". Querem mesmo saber de que forma vão ser exigidos sacrifícios a estes socialistas? Pois bem: "Se for dado a Fernando Gomes um cargo executivo, o ex-autarca deverá ganhar um salário de 15 mil euros por mês, a que acresce cartão de crédito e outro tipo de ajudas de custo. Se se mantiver a tabela salarial praticada durante a presidência de Ferreira do Amaral, o novo ‘chairman’ vai ganhar 30 mil euros por mês." Enfim, sempre foi este o problema da governação em Portugal que tende a agravar-se em governos socialistas! Tal é o estado das coisas que nem o cuidado houve de que as notícias da Galp e das medidas para controlar o défice se desencontrassem.

NAÇÕES UNIDAS. Há já quem ande preocupado com o que poderá acontecer ao défice da ONU. Apesar disso, a indigitação do presidente da Internacional Socialista foi uma boa notícia ... para a presidência da república. Por favor, Pina Moura, vai também!

2005-05-24

DEMAGOGIA IGUALITÁRIA. Algumas razões que justificam o estado actual da univeridade portuguesa.

A CARPETE. Esta coisa de apurar o défice sem contabilizar os buracos autárquicos em pleno ano de eleições locais faz lembrar a dona de casa que varre a sala à volta da carpete! Mais significativo é a candura com que o governador admitiu ontem a falta de recursos e tempo para fazer esta conta, algo que comprova uma vez mais a manifesta insuficiência dos sistemas de controlo instalados nas organizações portuguesas.

CAUSAS. O Benfica fica campeão, logo o défice dispara ...

2005-05-23

OXFORD. A Univerdidade de Oxford também quer mudar?

JORNADAS DE EMPREENDEDORISMO. As Jornadas de Empreendedorismo que em boa hora a Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal decidiu organizar foram bastante produtivas. Em si uma manifestação de empreendedorismo, as jornadas intitularam-se "Aprendizagem no Processo Empreendedor: Empreender para Competir", um tema particularmente bem captado pela organização no qual se destacaram os métodos de ensino/aprendizagem a adoptar para fomentar a capacidade empreendedora, em particular no ensino superior, e de que forma esta capacidade é necessária para competir nos dias de hoje.

Depois da abertura, Raquel Pereira, docente da casa, apresentou uma comunicação em que diagnosticou o "Empreendedorismo no Ensino Superior em Portugal". Ficou-se a saber que em 18 licenciaturas na área da gestão analisadas existem nove disciplinas vocacionadas para o empreendedorismo. Ao nível da pós-graduação foram identificados oito cursos.

Após esta comunicação introdutória abriu-se uma "mesa redonda", significativamente intitulada "Caminhos para a Aprendizagem do Empreendedorismo no Ensino Superior". Esta mesa foi lançada por cinco outras comunicações, a saber: José Paulo Esperança (ISCTE); Márcia Trigo (UAL); Mário Raposo (UBI); Pedro Dominguinhos (IPS/ESCE); e Vasco Eiriz (Universidade do Minho). De acordo com Pedro Dominguinhos, responsável pela organização, nesta escolha terão sido ponderados factores como a representatividade dos vários sistemas de ensino superior (público vs. privado; universitário vs. politécnico) e diferentes áreas geográficas do país (norte vs. sul; interior vs. litoral). Quando a escolha é desta natureza, o risco de nos sair uma amostra pobre é maior. Não foi, contudo, isso que aconteceu. Cada um dos oradores transmitiu a experiência da sua instituição no fomento da formação em empreendedorismo ou de outras actividades empreendedoras, contribuindo para a identificação e discussão de várias questões de interesse sobre o tema, a que Empreender dará devida atenção nos próximos tempos. Na parte da tarde estava prevista a discussão do tema "A Promoção do Espírito Empreendedor em Portugal" , sob moderação de Agostinho Bucha, e com a intervenção de Armindo Monteiro (Associação Nacional Jovens Empresários), António Ferreira (Instituto Fomento e Desenvolvimento do Empreendedorismo), e Pedro Miguel Ramos (AMO.TE). A apresentação das conclusões esteve a cargo de Ângela Nobre.

2005-05-22

RICARDO NO INTER

2005-05-20

PROMOVER O IDE. Existe uma nova política de promoção do investimento directo estrangeiro. É simples. Sempre que uma empresa estrangeira pretenda instalar-se cá, ela é bem vinda. Pode até candidatar-se a fundos e mundos de Bruxelas. Mas cuidado, se amanhã os ventos do negócio forem mais favoráveis a leste ou a oriente fique sabendo que arrisca um processo de expropriação. Com incentivos destes parece que já há filas de investidores nas embaixadas portuguesas por esse mundo fora.

LIVRO COM MARCA. Jean-Noël Kapferer é reconhecidamente um autor relevante no estudo da marca. The New Strategic Brand Management: Creating and Sustaining Brand Equity Long Term é a terceira edição em inglês (Kogan Page, London, 2004) da sua obra originalmente escrita em 1992. Tratam-se de 17 capítulos onde basta adicionar a obra de David A. Aaker para reunir o essencial do conhecimento sobre marcas.

2005-05-19

TRÊS OU QUATRO, EIS A QUESTÃO. Nos dias que correm, sempre que dois professores de diferentes instituições de ensino superior se encontram, a conversa descamba invariavelmente na mesma questão: "Três ou quatro anos? Vocês já decidiram?". Depois ficam a olhar um para o outro sem resposta à primeira questão e respondendo não à segunda. Já imaginaram se Mariano Gago fizer hoje na Noruega a mesma figura junto dos seus colegas de outros governos? É provável que Mariano Gago responda: "Três ou quatro anos!? Eles que se amanhem".

2005-05-18

DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS. Que o recurso a receitas extraordinárias para atenuar o défice orçamental não era a opção do actual governo, todos nos diziam. Ora o que não era de esperar é que o mesmo governo adoptasse a estratégia de despesas extraordinárias. E não pensem que é mera especulação de Empreender. Na verdade a implementação de tal estratégia já começou. Se todas as decisões de saída por parte de empresas estrangeiras tiverem o mesmo resultado, nos próximos anos o património imobiliário do estado irá aumentar substancialmente. E como ficará o défice? A questão parece secundária, mas a resposta passará certamente por receitas (extra)ordinárias; o aumento dos impostos.

2005-05-17

JORNADAS DE EMPREENDEDORISMO. Decorrem já amanhã na Escola Superior de Ciências Empresarias do Instituto Politécnico de Setúbal as III Jornadas de Empreendedorismo subordinadas ao tema "A Aprendizagem no Processo Empreendedor: Empreender para Competir". Empreender patrocinará uma comunicação intitulada "Formação de Empreendedores: A Experiência da Universidade do Minho". Inscrições gratuitas aqui.

O ESTILO. Tinham-nos prometido um novo estilo, uma nova abordagem, quiçá uma nova ética, uma nova moral. Pois bem, o DN de hoje destacaem primeira página os sintomas desse "novo" estilo. O título diz que "Governo nomeia antes de aprovar novas regras" e destaca: "O Governo não conseguiu esperar e, furando uma promessa sua, está já a nomear novos dirigentes para altos cargos públicos, antes mesmo de uma nova lei entrar em vigor. O estabelecimento de novas regras de escolha dos dirigentes da Função Pública foi uma das bandeiras eleitorais de José Sócrates".

2005-05-16

EXPECTATIVAS
Por Natália Barbosa

Em qualquer economia as expectativas dos agentes económicos são determinantes para o desenvolvimento de actividades económicas. Neste sentido, compreende-se o empenho dos decisores públicos em criar expectativas positivas, em fomentar o aumento da confiança e em criar condições subjectivas para o crescimento económico. Os determinantes cruciais do crescimento económico são, no entanto, mais de natureza tangível do que intangível. Na verdade, mais do que criar condições facilitadoras do crescimento, importa assegurar a sua sustentabilidade. Ora, factores intangíveis como expectativas e confiança são demasiado voláteis e reversíveis para garantir a sustentabilidade do crescimento económico e, em particular, da criação de emprego.

A nível nacional, surgem indicações de que o estímulo ao crescimento económico passa por transferir para os municípios, através das suas políticas autárquicas, a responsabilidade de criar um clima de confiança e condições que fomentem o investimento. Os municípios deverão concorrer entre si para captar investimento e assim criar emprego e riqueza a nível local. Trata-se, na verdade, em replicar as estratégias de captação de investimento directo estrangeiro (IDE) adoptadas por vários países, agora adaptadas a nível local. A questão central é saber quais as politicas autárquicas a definir. Elas visarão certamente a criação de condições tangíveis ou intangíveis facilitadoras do investimento.

No primeiro grupo podemos incluir os populares incentivos ao investimento como sejam benefícios fiscais, acesso a crédito bonificado ou mesmo a cedência de terrenos para a construção de unidades produtivas. Ora as experiências de IDE revelam que este tipo de incentivos tem um reduzido impacto no volume de investimento. Na maioria dos casos servem simplesmente para reduzir o valor do investimento que se concretizaria mesmo na ausência de tais incentivos. Existem mesmos casos (por exemplo, a indústria automóvel do Brasil) em que tais incentivos resultaram num excesso de investimento, reduzida utilização da capacidade instalada, e consequentes perdas de produtividade. A maior parte destas políticas resultam em custos administrativos e fiscais significativos, podendo ter consequências negativas e indesejáveis ao nível da produtividade e criação de emprego. Neste sentido, a replicação de estratégias desta natureza deverá ser vista com cepticismo.

O outro grupo de politicas carece de sustentabilidade. Por mais favorável que seja o ambiente para a iniciativa empresarial é necessário que tal ambiente seja suportado por condições reais que garantam a sobrevivência e crescimento das actividades. Quantos de nós não conhecem exemplos de iniciativas no nosso município (normalmente no sector dos serviços) que impulsionadas por um ambiente local favorável são casos de insucesso num curto período de tempo. Esta criação, apenas temporária de emprego, não deverá ser certamente o objectivo dos decisores públicos. Mais tarde ou mais cedo, a criação de emprego alicerçada apenas em níveis elevados de confiança e expectativas positivas resultará em destruição de emprego. Pode ainda ter um efeito perverso sobre um ambiente de confiança e expectativas positivas impulsionador de novas oportunidades e iniciativas empresariais.

Referência original: Barbosa, Natália (2005), "Expectativas", Jornal de Notícias, Suplemento JNegócios (16 de Maio), p. 25 (colaboração com a Ordem dos Economistas).

2005-05-15

2005-05-13

AFUNDAMENTO. Poderia ter sido pior: "Portugal aparece no 45º lugar da edição de 2005 do ranking de competitividade anual do IMD, que analisa 60 economias. Uma queda de seis lugares face a 2004 e de 13 posições face a 2001."

VERÃO QUENTE. José Figueiredo fez chamou atenção para esta notícia: "Os trabalhadores da multinacional Lear, que tem duas fábricas no norte do país, decidiram esta quarta-feira em plenário pedir a intervenção do Governo para impedir a deslocalização das empresas." Ora bem, aqui em Empreender pensamos que este tipo de apelos não passa de um disparate, mas como o Governo ensaiou medidas destas no caso da Bombardier, não se compreende que não as equacione na Lear e noutras empresas em risco de encerramento. Se o fizesse corria-se o risco de um novo Verão quente, tal a quantidade de empresas em risco de encerramento!

ECONOMIA DO CONHECIMENTO. O evento já decorreu há alguns meses, mas a disponibilidade online das comunicações apresentadas permite-nos revisitar o tema. De entre as várias comunicações apresentadas destaca-se o trabalho do Professor Luc Soete intitulado Innovation, Technology and Productivity: Why Europe Lags Behind the Unites States and Why Various European Economies Differ in Innovation and Productivity. Nele se conclui que "... the dynamics of innovation, of entreprneurship, of creative destruction thrives better [...] in an environment providing higher rewards for creativity and curiosity than in an environment putting a higher premium on the security and protection of employment. Viewed from this perspective, the gap between Europe, and in particular continental Europe, and the United States in terms of innovative capacity, efficiency, and wealth creation may also, at first sight look like the price Europe has to pay for not wanting to give up its social model and in particular social securities and achivements". Em Portugal, as causas da incapacidade para inovar e da reduzida eficiência das inovações criadas parecem ser comparativamente mais significativas uma vez que, segundo a OCDE, Portugal é o país da UE que apresenta o mais elevado índice de protecção do emprego. Quem consegirá diminuir o actual nível de proteção do emprego? O desafio está lançado.

2005-05-09

GRUPOS DE TRABALHO. Uma das coisas que sempre entristeceu Empreender é a nefasta predisposição dos governos para criarem grupos de trabalho, comissões, comissariados, unidades, secretarias e secretariados. Nestas coisas, os governos do PS nunca quiseram ficar atrás dos governos do PSD, com uma agravante: duplicam estruturas. Senão veja-se este exemplo recente:

"O grupo de trabalho liderado por Valadares Tavares e Victor Martins para estudar os investimentos públicos prioritários para os próximos quatro anos, criado em meados de Abril pelo ministro da Economia, tem áreas de actuação coincidentes com as da estrutura nomeada pelo anterior Governo para preparar o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) no âmbito do próximo pacote de ajudas comunitárias. Este último grupo foi reconduzida pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras. [...] fonte oficial do Ministério do Ambiente esclareceu que cada uma das comissões está a fazer o seu trabalho, tendo já havido trocas de informação, mas de carácter informal. Até ao momento não houve qualquer reunião formal, acrescentou, garantindo que “haverá uma altura” em que os dois grupos irão cruzar ‘dossiers’. O Ministério da Economia não teceu quaisquer comentários."

Ah se o empenho reformista de um governo se medisse pela quantidade de grupos de trabalho que são criados!

2005-05-06

Cenas de escritório 15

A BOLSA DA CORPORAÇÃO. O jornalismo de negócios com qualidade é um bem escasso em Portugal. Mas há evidentemente excepções que confirmam a regra. Uma dessas excepções foi dada há dias à estampa no Diário Económico, no seu destaque do dia intitulado "Um mercado à prova de OPA", matéria a que dedicou quatro páginas. Aí se constata que das 20 empresas que integram o índice bolsista PSI-20 só duas (ParaRede e Novabase) não estão blindadas a OPAs. À boa maneira do corporativismo português, as restantes 18 possuem mecanismos diversos que as protegem de compradores indesejados. Por exemplo, alguns dos principais mecanismos de blindagem identificados envolvem a limitação de direitos de voto (isto acontece, por exemplo, na PT, EDP, BCP e BPI), controlo accionista de uma única entidade (por exemplo, o Estado no caso da PT), e controlo accionista em grupo (por exemplo, BPI e BES). Pois bem, quais são as consequências deste "modus operandi"? São várias e predominantemente negativas: i. potencial limitado de crescimento da bolsa devido à sua menor atractividade; ii. baixa transparência, tanto no mercado como nas próprias empresas; e iii. títulos menos atractivos devido à sua menor liquidez e potencial de valorização. Não deixa depois de ser curioso confrontar as ilações desta reportagem com o argumento que João Cardoso Rosas (JCR) publica em crónica, exactamente no mesmo jornal, duas páginas antes. É certo que quem tomou as decisões editoriais do DE não previu esta coincidência, mas, na verdade, o caso relatado sobre a bolsa não faz mais do que sustentar a tese de JCR de que "em Portugal a direita não é mais liberal do que a esquerda". Ou será que os "nossos" empresários do PSI-20 são de esquerda? Quanto ao argumento de JCR, não sei quem será mais liberal em Portugal, mas temo bem que nem direita nem esquerda o sejam suficientemente (curiosamente também não se pode concluir das palavras de JCR que a esquerda portuguesa seja mais liberal do que a direita). Quanto ao alinhamento dos "nossos" empresários também não dúvido que vários deles passaram há escassas semanas para a faixa da esquerda!

2005-05-05

TRAPALHADA. É assim que o Presidente da Junta Metropolitana do Algarve, Macário Correia classifica as declarações do governo no que concerne às decisões de construção ou não dos novos hospitais. Parece-nos um qualificativo ajustado dada as insconsistências entre as declarações/opiniões do Primeiro Ministro e do Ministro da Saúde. O que mais suscita preplexidade é, no entanto, a afirmação do Primeiro Ministro de que "a promessa eleitoral do Partido Socialista de construir o Hospital Central do Algarve vai ser cumprida e que serão feitos os estudos necessários para tal." Mas para que servirão tais estudos se a decisão já está tomada?

2005-05-04

BÁRBARO. O Correio da Manhã dava ontem a imagem de um país terceiro mundista. Hoje mostra uma imagem bárbara desse mesmo país: "Vanessa Pereira morreu barbaramente assassinada. Segundo o CM apurou, a menina de cinco anos, terá sido espancada e só depois atirada ao rio Douro, em Gaia, onde apareceu a boiar na manhã de domingo. Recaem agora no pai e na avó da criança as suspeitas de maus tratos e consequente homicídio." A ser verdade (e de acordo com relatos do Diário Digital, parece que o crime foi já confessado), não pode haver a mínima condescendência. Não somos por princípio favoráveis à pena de morte, mas quando uma sociedade se mostra predisposta a discutir as questões da vida e da morte, então deve discuti-las integralmente.

2005-05-03

IOGURTES COM MIMO. Há opções de comunicação de tal forma bem conseguidas que justificam uma referência. Quando os custos envolvidos são literalmente nulos e o efeito dessa comunicação é eficaz então é ouro sobre azul. Um bom exemplo ocorre com os iogurtes Danone Puro Aroma; ao abrir surgem mensagens que apetece colecionar. A que está aqui à minha frente diz "Colherinhas de mimo"!

FESTA COM VIGILÂNCIA. O Correio da Manhã destaca hoje um sintoma terceiro mundista: "Portugal está há dois dias com menos 1800 homens no dispositivo de segurança nacional. A GNR enviou-os a Lisboa para comemorar os 94.º aniversário da instituição. Apesar do alerta deixado pelo ministro António Costa sobre as dificuldades financeiras, esta força de segurança não se coibiu de montar uma luxuosa operação de celebração."

AUTO CHINA. Se alguém pensava que os chineses se limitariam a inundar o mercado de brinquedos de plástico e vestuário estava muito enganado. O Diário Económico destaca hoje na sua primeira página que os carros chineses entram no mercado português. O importador será a empresa que representou a Seat durante mais de 20 anos e se divorciou em letígio há já algum tempo. Os comentários dos leitores do DE fazem notar que não há marcas automóveis chinesas (curiosamente, um comentário que tinha também ouvido em tempos da parte de um aluno numa aula). Esperem para ver!

Cenas de escritório 14

2005-05-02

PLANOS DE LEITURA. O aclamado "plano tecnológico" a que Empreender já dedicou algumas postas vem recordar um dos mais interessantes debates das últimas décadas no domínio da gestão estratégica. Trata-se de um debate algo datado que passou por toda a década de 80 e início dos anos 90 do século passado. Talvez aqui se justifique relembrar The Rise and Fall of Strategic Planning de Henry Mintzberg, um dos mais estimulantes autores sobre gestão estratégica. Deveria ser recomendado ao próprio ministro da economia, o grande mentor daquilo a que chama o "plano tecnológico".

VENDER TECNOLOGIA. Estão disponíveis vários artigos sobre venda de tecnologias em número especial do Industrial Marketing Management relativo a Maio deste ano.
© Vasco Eiriz. Design by Fearne.